As Corporações militares estaduais não eram bem aceitas pela sociedade civil devido à suas imagens sempre ligadas à repressão. Quem gosta de ser reprimido?
Escolhidas entre um contingente de duas mil mulheres, foram selecionadas cento e vinte.
Selecionadas a dedo, porque rigorosos os exames escrito, físico e psicológico. Nenhuma mulher que não possuísse segundo grau pode tentar.
Incluídas precisavam ser preparadas para a nova e inusitada profissão. Entre os mineiros havia até quem fizesse o sinal da cruz ao vê-las. Mas havia também aqueles que as cercavam e elogiavam pela coragem e ousadia.
Mesmo nos momentos mais difíceis de sua formação jamais pensaram em retroceder.
Formadas com pompa, com a presença da esquadrilha da fumaça a fazer vôos rasantes no pátio do Departamento de Instrução, no Prado, foram paraninfadas pelo General de Divisão José Luiz Coelho Neto – chefe de gabinete do Ministro do Exército.
Março de 1982. Chegara o grande momento. Patrulhar as ruas da Capital, prestando assistência às mulheres aos idosos e às crianças, prioritariamente, e complementando o trabalho do homem, substituindo-o na lida com a mulher delinqüente.
Quantas “brincadeiras” não receberam de seus colegas que ao ouvirem a voz de mulher na rede de rádio, miavam. Mas dia após dia aqueles miados foram desaparecendo e em seu lugar foi tomando corpo a admiração pelo seu trabalho sempre detalhista e esmerado.
Receberam um fusquinha para radiopatrulhamento: a RP 1616, carro apropriado para acomodar mulheres de 1,56 cm que era a altura mínima exigida para entrar.
A mulher deu certo na Polícia Militar de Minas Gerais. Chegavam notícias que outras PM do País estavam em processo de seleção para inclusão de mulheres em suas fileiras.
Ora, deu certo em todo o Brasil.
Entraram elas no Curso de Formação de Oficiais. É deu certo mesmo, agora é a PM que não pode retroceder.
Elas vieram para ficar. Provaram que dão conta do recado, hoje são tenente-coronéis, comandantes de batalhões, comandantes de radiopatrulhas, pilotos de aeronaves, motoristas, motociclistas, combatendo a criminalidade, fazendo tudo o que seus companheiros do sexo masculino fazem. Vieram para somar.
Muitas contribuíram para o aumento da família policial militar, casando dentro da Corporação, como não poderia deixar de ser.
Nesse mês completam 30 anos de sua entrada para a PMMG. Foi uma grande jornada, e, como todo pioneiro enfrentaram adversidades e viveram momentos únicos.
Hoje estão mais amadurecidas, somente elas possuem as mais doces lembranças dessa história, aquelas que permanecem indeléveis em seus corações e trazem lágrimas aos olhos.
A profissão espinhosa lhes deu uma grande vivência.
Conquistaram a sociedade com seu trabalho, o respeito dos colegas na Corporação, e podem dizer que receberam como presente de suas Corporações o reconhecimento de sua importância ao verem incluídos os seus direitos no Estatuto dessas corporações.
A AMPROSEG se junta a essas mulheres para comemorar essa data tão especial e parabeniza-as por tão importante momento na história de Minas.
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